domingo, 2 de setembro de 2012

Entrevista: Process of Guilt

Desde a sua formação, em 2002, os Process of Guilt têm vindo a dar passos firmes em direcção à conquista do underground nacional e internacional com os seus discos. Com "Fæmin", o terceiro álbum dos eborenses, a servir de assunto principal, o THMS conversou com o guitarrista e vocalista Hugo Santos.


Quando começaram a compor para o novo álbum, já tinham uma ideia de como queriam que soasse ou surgiu tudo naturalmente?
Pela primeira vez no nosso percurso abordámos a composição de um novo álbum totalmente a partir do zero. Apenas tínhamos a certeza daquilo que não queríamos repetir e a vontade de seguir uma abordagem mais orgânica que ressalvasse a crueza que também ambicionávamos para este registo. O "FÆMIN" acabou, assim, por resultar de um período extenso em que houve muita experimentação e muita repetição de riffs e melodias até atingirmos aquilo que para nós constituía o “cerne” de cada tema. No fundo foi um processo em que conscientemente procurámos atingir uma maior noção de identidade e daquilo que nos define enquanto banda, músicos e fãs de música.

Como correu a gravação do "Fæmin"? Atingiram o som que pretendiam para este trabalho? 
A gravação do "FÆMIN" foi planeada de modo a atingirmos o som que, efectivamente, pretendíamos para este registo. E, agora, quase um ano depois do início da mesma, ainda continuamos plenamente satisfeitos com a forma como o disco continua a soar de cada vez que o ouvimos. A escolha relativa aos estúdios onde foram efectuadas a captação, mistura e masterização teve por base a busca de um som quase “live”, uma vez que pretendíamos que todos os instrumentos “respirassem” de forma natural de modo a favorecer o riff e o groove que ambicionámos para cada tema. E, neste ponto, a escolha do Andrew Schneider para a mistura foi decisiva. Já conhecíamos o seu trabalho através dos últimos registos de bandas como Unsane ou Rosetta e achámos que o mesmo só nos poderia beneficiar na obtenção do “punch” que desejávamos para o som final. Juntamente com a masterização, novamente, a cargo do Collin Jordan, julgo que finalmente atingimos uma equação acertada para o nosso som em estúdio.

Que novidades e diferenças pensam que este álbum traz em relação aos seus antecessores? 
É um álbum mais conciso, mais cru, mais directo, com uma variedade rítmica muito mais em sintonia com aquilo que apreciamos na música e que nos revela de forma muito mais profunda. Estes são as maiores clivagens que encontro relativamente aos trabalhos antecessores, especialmente o "Erosion" que acaba por ser o registo com o qual ainda encontramos algumas, poucas, semelhanças. O "FÆMIN" representa para nós, decisivamente um álbum de mudança e de afirmação relativamente aquilo que pretendemos através da música.


Pensam que a estabilidade da formação dos Process of Guilt é importante para a evolução da banda?
Sem dúvida, depois de todos estes anos desenvolvemos uma relação que mantemos e que funciona para todos, onde sabemos bem quais são os nossos limites e até onde ambicionamos ir. Partilhamos das mesmas ilusões e desilusões relativamente à música e, no entretanto, continuamos a desfrutar com a nossa música e com a forma como a fazemos. Continuar a fazer música enquanto Process of Guilt é um projecto e um objectivo pessoal de cada um dos membros e enquanto assim for, apenas antevejo o mesmo cenário de estabilidade.

Já se passaram uns meses desde o lançamento do "Fæmin". Como analisam o feedback recebido?
Já se passaram, de facto, alguns meses desde o lançamento do "FÆMIN". No entanto, ainda continuamos a receber de forma bastante regular esse mesmo feedback que, até agora tem sido, de longe, superior ao recebido para qualquer outro registo que tenhamos lançado no passado e na sua maioria extremamente positivo, tanto através das reacções dos media como de quem nos contacta de forma espontânea.

Desde o "Renounce" que os Process of Guilt têm vindo a conquistar a atenção do underground nacional e internacional. Por que motivo optaram por uma primeira prensagem de "Fæmin" limitada a apenas 500 cópias? Há planos para uma reedição no futuro?
A opção por apenas 500 cópias relaciona-se com alguns factores, variados, mas todos eles interligados. Em primeiro lugar, quisemos investir numa edição física que premeie quem a adquirir de forma a ter algo exclusivo (e numerado), tornando assim esse item em algo único. Noutro plano, completamente diferente, que se relaciona com toda a evolução dos formatos digitais e com o progressivo abandono do formato físico, temos a perfeita noção do número de CDs que vendemos no imediato e da capacidade de distribuição que temos dos nossos discos junto de outros países. A associação entre a Bleak Recordings e a Division Records aparece, assim, como uma forma de potenciarmos uma distribuição nacional e estrangeira do melhor modo, sendo que por agora, na parte que mais directamente nos diz respeito através da Bleak temos o disco praticamente esgotado, sendo que uma segunda edição, eventualmente até noutro formato, é algo que enquadramos para um futuro próximo.


E que tal a "Fæmin Tour"? Ficou de acordo com as vossas expectativas? Foi bom tocar os novos temas ao vivo?
Tocar os novos temas ao vivo é o corolário de toda a experiência relativa à criação e gravação do "FÆMIN". É ao vivo que os temas melhor se revelam e é nesse ambiente que nos podemos entregar totalmente à sua interpretação. Depois do período que passámos a ensaiar e a pensar em como será um determinado tema, é, de facto, ao vivo que temos a hipótese de fecharmos o ciclo. Neste contexto, é claro que para nós foi bastante positivo tocar estes novos temas ao vivo. Aliás, o "FÆMIN" representa a quase totalidade de um concerto actual de Process of Guilt. Há toda uma ambiência e particularidade que reconhecemos a estes temas que levam a que, para nós, actualmente, apenas deste modo nos faça sentido pensarmos o nosso espectáculo ao vivo. Relativamente às datas que fizemos de apresentação podemos dizer que correram, de um modo geral, bastante bem, tanto no que se refere ao que sentimos relativamente à nossa prestação como no que respeita ao feedback do público.

Quais são os planos dos Process of Guilt para o futuro? Há planos para algumas datas no estrangeiro?
De momento estamos a preparar a algumas datas pela Europa para o final de Outubro. Ambicionávamos fazer algo de forma mais extensa, mas, efectivamente, a geografia particular do nosso país continua a ser um obstáculo muitas vezes difícil de ultrapassar, ainda para mais atendendo à crise que atinge toda a Europa. Em breve esperamos anunciar de forma oficial as datas até agora confirmadas.

Chegámos ao fim. Há alguma coisa que queiras acrescentar?
Obrigado pela entrevista. Se alguém se identificar com algo do que acima foi escrito passem pela nosso site (processofguilt.com) onde podem encontrar vários links paras as nossas páginas e especialmente para a nossa página do bandcamp onde podem ouvir a totalidade do nosso álbum em streaming.

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