segunda-feira, 7 de maio de 2012

SWR Barroselas Metalfest XV

Steel Warriors' Rebellion Barroselas Metalfest XV
Viana do Castelo, Barroselas - 27-30/04/2012

Não é todos os dias que vemos um festival de Metal chegar à 15ª edição, especialmente em Portugal. Desde a sua primeira edição, em 1998, que o Steel Warriors' Rebellion não tem parado de crescer e de trazer bandas de relevo a Portugal, como Bolt Thrower, Enslaved ou Venom. Como evolução é uma das palavras de ordem neste festival, os fãs das sonoridades mais underground voltaram a ser brindados com um cartaz que não só trouxe de regresso os Immortal e os Hypocrisy, como foi responsável pela estreia de várias bandas em Portugal, com especial destaque para Angel Witch, Asphyx e Candlemass. Além disso, o Palco 3 também revelou um agradável crescimento e contou com mais artistas do que no ano passado. Baptizado como SWR Arena e gratuito, foi um bom presente para aqueles que rumaram a Barroselas mesmo sem poder comprar bilhete.


DIA 2

Devido a uma chegada um pouco tardia a Barroselas e à fila demorada na bilheteira para obter a pulseira que dava acesso à tenda principal, foi impossível assistir às actuações de Skullhog e de Aphyxion. Já era de noite quando os Simbiose subiram ao Palco 1 para tocar perante um público ainda escasso. Com alguns temas do novo disco no alinhamento e sem um dos guitarristas, que não esteve presente devido a uma lesão, a banda lisboeta teve uma prestação bastante esforçada, mas que não conseguiu despertar grande interesse. O mesmo ocorreu com os Ease of Disgust e o seu Deathcore. No entanto, os Coffins alteraram por completo o cenário, graças a uma performance poderosa e a uma maior presença de espectadores. Canções como "Blood and Bone" ou "Evil Infection" conseguiram causar mossa visível, com mosh e algum stagediving. Depois, foi a vez dos Gorod entrarem em acção, mas, infelizmente, tiveram um som pouco adequado à sonoridade que praticam, o que fez com que alguns dos presentes optassem por ir ver os Nashgul a pulverizar o Palco 3 com o seu Grindcore à moda antiga. Apesar disso, a banda francesa não desanimou e manteve um nível de competência acima da média. Os Candlemass eram os cabeças-de-cartaz deste dia e trouxeram na bagagem algumas surpresas. Depois da introdução "Marche Funebre", a banda deu início à actuação com "Mirror Mirror" e desde logo se notou o som altíssimo e a ausência do baixista Leif Edling, substituído por Per Wiberg (dos Spiritual Beggars e ex-teclista dos Opeth). No meio da interpretação de temas clássicos (como "The Well of Souls" ou "At the Gallows End") e outros mais recentes ("If I Ever Die" e "Emperor of the Void" são alguns exemplos), ainda houve tempo para a apresentação de um inédito que figurará no próximo disco dos suecos. Foi com "A Sorcerer's Pledge", com direito ao habitual coro do público, e a icónica "Solitude" que o carismático Robert Lowe e companhia colocaram um ponto final num bom concerto. Os últimos a actuar no Palco 2 foram os Malignant Tumour e a passagem destes checos por Barroselas pode ser resumida em poucas palavras: muita festa e boa disposição. A tarefa de encerrar a noite na tenda principal coube aos noruegueses Tsjuder. Com uma prestação coesa e agressiva, o trio conquistou os fãs de Black Metal com canções dos seus quatro álbuns e duas covers, "Sacrifice" dos Bathory e "Deathcrush" dos compatriotas Mayhem.

DIA 3

O início dos concertos na tenda principal deu-se às 17h30 e os The YTriple Corporation foram os primeiros a entrar em acção. Apesar de terem começado a tocar para pouco mais de 10 pessoas, a sua música rapidamente chamou a atenção de mais gente. No Palco 1, os Concealment presentearam um público muito bem composto para a hora que era com uma actuação de encher o olho. É verdade que a sonoridade dos lisboetas não é para todos, mas é impossível não ficar rendido à sua qualidade técnica. Também os Irae souberam conquistar um bom número de espectadores graças ao poder enfeitiçador das suas composições. A seguir, os Pantheist baixaram o ritmo ao som do seu Doom Metal progressivo e, cerca de três quartos de hora depois, os alemães Purgatory destruíram o Palco 2 com uma prestação explosiva. Às 20h40, subiu ao palco uma das bandas mais esperadas do dia, os Artillery. Os veteranos dinamarqueses brindaram os espectadores com uma actuação muito competente onde não faltaram clássicos como "By Inheritance" e faixas do último disco, "My Blood". Após um concerto desinteressante por parte dos Dyscarnate, foi a vez dos Hail of Bullets mostrarem o bom Death Metal que se faz na Holanda. Alternando canções rápidas com outras mais lentas, Martin van Drunen e companhia deram um concerto intenso e bem conseguido, mas que, por alguma razão, não despertou tanto entusiasmo no público como seria de esperar. Com uma bíblia a arder em pleno Palco 2, os espanhóis Omission descarregaram o seu Thrash/Black Metal de forma convincente, o que terá agradado especialmente aos fãs dos sons da velha guarda. Por esta altura, a tenda principal já estava cheia para receber o regresso dos Immortal, cabeças-de-cartaz da 15ª edição do SWR. Num palco personalizado com direito a pirotecnia e tudo, a banda norueguesa teve o público na mão desde o primeiro tema, "All Shall Fall", e levou-o numa viagem por sonoridades geladas que durou aproximadamente 1h30. O alinhamento reuniu desde relíquias como "The Sun no Longer Rises" ou "Battles in the North" até material mais recente, sendo "One by One" ou "Triumph" alguns dos exemplos. De negativo, só mesmo algumas paragens desnecessárias a meio de alguns temas e a coreografia demasiado ensaiada. A seguir, a actuação dos Dragged into Sunlight foi envolvida em grande mistério... e alguma demora também. Depois de uma introdução bastante longa, os ingleses lá começaram a tocar, mas não já não havia paciência. O cancelamento dos Sublime Cadaveric Decomposition devido a problemas no aeroporto deixou um amargo na boca e para substitui-los foram chamados os Blacklodge, que haviam tocado no Palco 3 umas horas antes. Ainda houve forças para ver os Revengeance a instaurar o caos no Palco 3 com o seu som algures entre o Punk/Hardcore e o Grindcore, mas a voz da vocalista era tão irritante que o merecido descanso falou mais alto.

DIA 4 

Por volta das 17h30, os brasileiros Woslom subiram ao Palco 2 para dar início a mais um dia de festival. No começo, o seu Thrash Metal cheio de solos prometia, mas, ao fim de duas ou três canções, já parecia tudo o mesmo. No entanto, o público correspondeu e ainda ficou a pedir por mais no fim. Em seguida, os Bloodsoaked proporcionaram um bom momento de Death Metal no Palco 1. Apesar de serem apenas dois músicos em palco acompanhados por uma caixa de ritmos, conseguiram cativar alguns presentes graças aos seus riffs orelhudos. Já os indianos Eccentric Pendulum não estiveram tão bem. Estiveram demasiado parados em palco e, apesar de virem de um país considerado exótico nestas andanças, isso pouco se notou na música que tocaram. O mesmo não se pode dizer dos The Firstborn que, com a sua sonoridade distinta, se mostraram em excelente forma, especialmente Bruno Fernandes nos momentos mais agressivos. Só foi pena o som nem sempre ter estado à altura. A seguir, os espanhóis Foscor actuaram no Palco 2 e, embora sejam competentes na forma como debitam o seu Black Metal com toques depressivos, não impressionaram. Ainda no Black Metal, os Ondskapt foram bem mais convincentes. Fazendo um bom equilíbrio entre momentos mais rápidos e agressivos com outros mais arrastados e ritualistas, tiveram uma prestação poderosa que agradou aos amantes de Metal mais negro. Como os Mythological Cold Towers não estavam a agradar, a sua actuação serviu para ir recarregar energias e dar duas de treta com os Asphyx no SWR Café. Pouco depois do regresso à tenda principal, foi a vez dos Die Apokalyptischen Reiter. A música estava um pouco deslocada do que se costuma ver neste festival, mas a banda alemã proporcionou um espectáculo divertido, graças a uma produção de palco digna de uns Rammstein em ponto pequeno. Um teclista vestido com roupas  de sadomasoquismo a andar num baloiço metálico? Canhões que disparam confetes? Um barco de borracha a viajar pelo público? Tirem as vossas próprias conclusões! Bem mais séria e intensa foi a actuação dos Process of Guilt, que de tão envolvente passou a voar. Além disso, a novidade "FÆMIN" parece corroborar ainda mais a ideia de que estes eborenses merecem estar expostos a um público mais vasto. Logo a seguir, os Asphyx apresentaram-se no Palco 1. Mesmo com um som inicial desequilibrado e com Martin van Drunen completamente esgotado em termos vocais, deram um concerto coeso, sempre com o apoio do público. "Death... the Brutal Way", "Deathhammer", "M.S. Bismarck" e "Vermin", esta já em encore, foram algumas das canções tocadas. Os últimos a actuar no Palco 2  foram os alemães Warhammer e, mais uma vez, os fãs da velha guarda tiveram oportunidade de se deliciarem. O fim do dia na tenda principal ficou a cargo dos Legacy of Brutality que, apesar da hora, estavam cheios de energia e deram uma lição na arte de fazer bom Brutal Death Metal.

DIA 5

Já era quase noite quando os concertos começaram na tenda principal. Os EAK foram os primeiros a actuar no Palco 2 e, apesar de alguns problemas técnicos, mostraram ser uma proposta bastante válida no cenário pesado nacional. Em seguida, os Corpus Christii deram mais um concerto com a competência e a intensidade do costume, mas foram prejudicados pelo som, que piorou claramente a partir da terceira canção. Pela segunda vez em Barroselas, os Cerebral Bore apresentaram-se com a vocalista Simone Pluijmers em palco e a sua actuação tanto cativou como aborreceu. No entanto, aqueles que decidiram ficar não terão dado o seu tempo por mal empregue. Estava na altura de enveredar por sonoridades menos habituais neste festival ao som do Heavy Metal dos lendários Angel Witch. Apesar de pouco comunicativos, facilmente conquistaram o público, que enlouqueceu ao som do hino que dá nome à banda já em encore. De destacar também a presença de Bill Steer (dos também lendários Carcass) na segunda guitarra.  De regresso ao Palco 2, os Jucifer foram responsáveis por aquele que terá sido o concerto mais demolidor desta edição do SWR. O duo composto por Amber Valentine e Edgar Livengood estava completamente possuído e, em certos momentos, a brutalidade sonora era de tal ordem que faria corar muitas daquelas bandas que andam por aí com a mania que são pesadas. Seguiram-se os Hypocrisy como cabeças-de-cartaz. Desde 2003 que não tocavam em Portugal e fizeram questão de brindar os fãs com um grande espectáculo, onde até o som esteve exemplar. Como Peter Tägtgren tinha informado semanas antes, o alinhamento foi bastante semelhante ao de "Hell Over Sofia", o DVD mais recente da banda, por isso não houve grandes surpresas neste departamento. Foi pena, porque mais um ou outro tema de "Penetralia" ou "Osculum Obscenum" não teria sido má ideia. A seguir, a actuação dos Holocausto Canibal serviu para recarregar baterias e dar mais uma vista de olhos nas bancas de merchandise antes do último concerto e do merecido regresso a casa. No entanto, pelas filmagens que passavam nos dois ecrãs do Palco 1, a banda portuense parecia estar a dar muito bem conta do recado. Para colocar um ponto final em mais uma edição do festival foram escolhidos os veteranos Whiplash. Tony Portaro e companhia fizeram a festa desde o início e o público despediu-se com muito mosh e stagediving. E assim foi mais um SWR, para o ano há mais!

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