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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ao vivo: Hexis, This Gift Is a Curse

Hexis, This Gift Is a Curse
Casa Viva - 29/09/2012 

Decorreu no Porto, durante uma solarenga tarde de sábado, um evento que terá passado despercebido a alguns. Os dinamarqueses Hexis e os suecos This Gift Is a Curse estiveram na Casa Viva para um concerto gratuito incluído na sua digressão pela Europa, que também os levou a Braga no mesmo dia e a Lisboa no dia seguinte.

Numa sala envolta por um denso fumo e iluminada em tons escarlate, os This Gift Is a Curse começaram a atuar diante de um público ainda reduzido, mas que veio a aumentar enquanto “Inferno”, a primeira canção do alinhamento, era executada. Já com o recinto mais cheio e com a assistência embrenhada na música do quarteto de Estocolmo, “The Swarm” e "Att Hata Allt Mänskligt Liv" deram azo a um moshpit violento. Satisfeito com as mossas causadas, o vocalista Jonas Holmberg agradeceu o apoio e afirmou que era um prazer estar ali, apresentando em seguida o próximo tema, “The Crossing”, que incitou a um mosh ainda mais caótico. Por vezes, a intensidade era tal que ocasionalmente caíam espetadores por cima das hardcases dos instrumentos encostadas a uma das paredes da sala. A banda acabou a sua atuação com uma pujante "The Sounds of Broken Bells", mas não sem antes ter voltado a agradecer aos que compareceram para testemunhar a sua enérgica prestação.

De novo num ambiente fumoso e escuro, os Hexis arrancaram para um concerto que só pecou pela sua curta duração. Durante um quarto de hora, um público atento e menos dado a movimentações assistiu à descarga intensa protagonizada pelo coletivo dinamarquês, que aproveitou a ocasião para apresentar duas composições novas logo no início e dedicou o resto do set ao EP “XI”, com a faixa “Crux” a revelar-se o ponto alto da atuação. No fim, ficou a sensação de que tinha sabido a pouco, mas, atendendo às circunstâncias em que o evento se realizou, não se podia pedir muito mais.

domingo, 2 de setembro de 2012

Entrevista: Process of Guilt

Desde a sua formação, em 2002, os Process of Guilt têm vindo a dar passos firmes em direcção à conquista do underground nacional e internacional com os seus discos. Com "Fæmin", o terceiro álbum dos eborenses, a servir de assunto principal, o THMS conversou com o guitarrista e vocalista Hugo Santos.


Quando começaram a compor para o novo álbum, já tinham uma ideia de como queriam que soasse ou surgiu tudo naturalmente?
Pela primeira vez no nosso percurso abordámos a composição de um novo álbum totalmente a partir do zero. Apenas tínhamos a certeza daquilo que não queríamos repetir e a vontade de seguir uma abordagem mais orgânica que ressalvasse a crueza que também ambicionávamos para este registo. O "FÆMIN" acabou, assim, por resultar de um período extenso em que houve muita experimentação e muita repetição de riffs e melodias até atingirmos aquilo que para nós constituía o “cerne” de cada tema. No fundo foi um processo em que conscientemente procurámos atingir uma maior noção de identidade e daquilo que nos define enquanto banda, músicos e fãs de música.

Como correu a gravação do "Fæmin"? Atingiram o som que pretendiam para este trabalho? 
A gravação do "FÆMIN" foi planeada de modo a atingirmos o som que, efectivamente, pretendíamos para este registo. E, agora, quase um ano depois do início da mesma, ainda continuamos plenamente satisfeitos com a forma como o disco continua a soar de cada vez que o ouvimos. A escolha relativa aos estúdios onde foram efectuadas a captação, mistura e masterização teve por base a busca de um som quase “live”, uma vez que pretendíamos que todos os instrumentos “respirassem” de forma natural de modo a favorecer o riff e o groove que ambicionámos para cada tema. E, neste ponto, a escolha do Andrew Schneider para a mistura foi decisiva. Já conhecíamos o seu trabalho através dos últimos registos de bandas como Unsane ou Rosetta e achámos que o mesmo só nos poderia beneficiar na obtenção do “punch” que desejávamos para o som final. Juntamente com a masterização, novamente, a cargo do Collin Jordan, julgo que finalmente atingimos uma equação acertada para o nosso som em estúdio.

Que novidades e diferenças pensam que este álbum traz em relação aos seus antecessores? 
É um álbum mais conciso, mais cru, mais directo, com uma variedade rítmica muito mais em sintonia com aquilo que apreciamos na música e que nos revela de forma muito mais profunda. Estes são as maiores clivagens que encontro relativamente aos trabalhos antecessores, especialmente o "Erosion" que acaba por ser o registo com o qual ainda encontramos algumas, poucas, semelhanças. O "FÆMIN" representa para nós, decisivamente um álbum de mudança e de afirmação relativamente aquilo que pretendemos através da música.


Pensam que a estabilidade da formação dos Process of Guilt é importante para a evolução da banda?
Sem dúvida, depois de todos estes anos desenvolvemos uma relação que mantemos e que funciona para todos, onde sabemos bem quais são os nossos limites e até onde ambicionamos ir. Partilhamos das mesmas ilusões e desilusões relativamente à música e, no entretanto, continuamos a desfrutar com a nossa música e com a forma como a fazemos. Continuar a fazer música enquanto Process of Guilt é um projecto e um objectivo pessoal de cada um dos membros e enquanto assim for, apenas antevejo o mesmo cenário de estabilidade.

Já se passaram uns meses desde o lançamento do "Fæmin". Como analisam o feedback recebido?
Já se passaram, de facto, alguns meses desde o lançamento do "FÆMIN". No entanto, ainda continuamos a receber de forma bastante regular esse mesmo feedback que, até agora tem sido, de longe, superior ao recebido para qualquer outro registo que tenhamos lançado no passado e na sua maioria extremamente positivo, tanto através das reacções dos media como de quem nos contacta de forma espontânea.

Desde o "Renounce" que os Process of Guilt têm vindo a conquistar a atenção do underground nacional e internacional. Por que motivo optaram por uma primeira prensagem de "Fæmin" limitada a apenas 500 cópias? Há planos para uma reedição no futuro?
A opção por apenas 500 cópias relaciona-se com alguns factores, variados, mas todos eles interligados. Em primeiro lugar, quisemos investir numa edição física que premeie quem a adquirir de forma a ter algo exclusivo (e numerado), tornando assim esse item em algo único. Noutro plano, completamente diferente, que se relaciona com toda a evolução dos formatos digitais e com o progressivo abandono do formato físico, temos a perfeita noção do número de CDs que vendemos no imediato e da capacidade de distribuição que temos dos nossos discos junto de outros países. A associação entre a Bleak Recordings e a Division Records aparece, assim, como uma forma de potenciarmos uma distribuição nacional e estrangeira do melhor modo, sendo que por agora, na parte que mais directamente nos diz respeito através da Bleak temos o disco praticamente esgotado, sendo que uma segunda edição, eventualmente até noutro formato, é algo que enquadramos para um futuro próximo.


E que tal a "Fæmin Tour"? Ficou de acordo com as vossas expectativas? Foi bom tocar os novos temas ao vivo?
Tocar os novos temas ao vivo é o corolário de toda a experiência relativa à criação e gravação do "FÆMIN". É ao vivo que os temas melhor se revelam e é nesse ambiente que nos podemos entregar totalmente à sua interpretação. Depois do período que passámos a ensaiar e a pensar em como será um determinado tema, é, de facto, ao vivo que temos a hipótese de fecharmos o ciclo. Neste contexto, é claro que para nós foi bastante positivo tocar estes novos temas ao vivo. Aliás, o "FÆMIN" representa a quase totalidade de um concerto actual de Process of Guilt. Há toda uma ambiência e particularidade que reconhecemos a estes temas que levam a que, para nós, actualmente, apenas deste modo nos faça sentido pensarmos o nosso espectáculo ao vivo. Relativamente às datas que fizemos de apresentação podemos dizer que correram, de um modo geral, bastante bem, tanto no que se refere ao que sentimos relativamente à nossa prestação como no que respeita ao feedback do público.

Quais são os planos dos Process of Guilt para o futuro? Há planos para algumas datas no estrangeiro?
De momento estamos a preparar a algumas datas pela Europa para o final de Outubro. Ambicionávamos fazer algo de forma mais extensa, mas, efectivamente, a geografia particular do nosso país continua a ser um obstáculo muitas vezes difícil de ultrapassar, ainda para mais atendendo à crise que atinge toda a Europa. Em breve esperamos anunciar de forma oficial as datas até agora confirmadas.

Chegámos ao fim. Há alguma coisa que queiras acrescentar?
Obrigado pela entrevista. Se alguém se identificar com algo do que acima foi escrito passem pela nosso site (processofguilt.com) onde podem encontrar vários links paras as nossas páginas e especialmente para a nossa página do bandcamp onde podem ouvir a totalidade do nosso álbum em streaming.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Process of Guilt: Fæmin

Process of Guilt - Fæmin 
DigiSleeve limitado a 500 cópias lançado pela Bleak Recordings/Division Records (br002, dr045)

Após uma estreia e um segundo álbum muito promissores, os eborenses Process of Guilt viram-se catapultados para a primeira linha do Metal nacional. Por esse motivo, "Faemin" era aguardado com imensas expectativas. Lançado em Maio deste ano, é um disco mais conciso, tanto em duração como no número de canções, do que os seus antecessores, além de revelar uma evolução sonora para caminhos próximos do Sludge e Post-Metal de uns Neurosis, mas que ainda mantém o Doom Metal como base. São os primeiros minutos de “Empire” que nos preparam espiritualmente para uma viagem sonora que deve ser levada até ao fim. A canção inicia-se com simples acordes de guitarra envolvidos por um subtil feedback de distorção, até que lentamente começam a surgir os instrumentos e a voz grave de Hugo Santos. À medida que o ritmo hipnótico se grava no nosso subconsciente, vai-se formando uma parede sonora cada vez mais densa que atinge o seu ponto máximo no momento em que a canção finalmente arranca, revelando uns Process of Guilt mais intensos e opressivos. "Blindfold" dá seguimento a essa abordagem mais agressiva do colectivo eborense, com um riff dissonante e abrasivo que conduz o tema a um meio-tempo avassalador. "Harvest", apesar de ser a canção mais curta deste trabalho, é a mais variada e próxima do som de "Erosion", possuindo um refrão cheio de um peso pegajoso e viciante. Em "Cleanse", a abordagem agressiva é interrompida e dá lugar a uma atmosfera apocalíptica e menos sufocante, mas igualmente negra e desesperada. A encerrar o álbum, "Fæmin", a faixa-título, é a síntese desta viagem por paisagens sonoras tenebrosas. Imperdível! [9/10]

Embalagem 
A primeira prensagem de "Fæmin" vem numa DigiSleeve limitada a 500 cópias protegida por um envelope de plástico transparente.  Ao abrir a embalagem de cartão, encontramos uma abertura de cada lado, uma para o disco e outra para o livrete. Embora seja fácil de usar, este tipo de armazenamento não é tão eficaz como seria de desejar, por isso há-que ser cuidadoso no seu manuseamento. No livrete desdobrável estão impressas as letras das canções e as informações relativas à gravação deste álbum.


Conteúdo 
Esta edição não traz material extra, cingindo-se apenas às cinco canções que compõem originalmente "Fæmin".

Tracklist
01. Empire (09:52)
02. Blindfold (08:18)
03. Harvest (06:47)
04. Cleanse (07:48)
05. Fæmin (10:54)

Conclusão 
Embora esta primeira edição não possua grandes argumentos a nível de apresentação e careça de quaisquer extras, é uma compra obrigatória para qualquer fã dos Process of Guilt e quejandos. Além de ser limitada a apenas 500 cópias, é a única edição existente actualmente e "Fæmin" é um trabalho que merece ser ouvido vezes sem conta.