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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Ao vivo: Desire

Desire
Hard Club, Sala 2 - 08/12/2012

De regresso aos palcos para comemorar os seus 20 anos de carreira, os Desire vieram atuar no Porto, depois de o terem feito em Lisboa dois dias antes. Já passava das 22h30 quando os lisboetas subiram ao palco da Sala 2 do Hard Club, acompanhados por Dawn, o antigo teclista, e V-Kaos, nas vozes femininas. Foi com “Torn Apart” que deram início ao espetáculo, seguindo-se “Funeral Doomentia”, na qual o vocalista Tear tentou interagir com o público pela primeira vez, mas sem grande resultado. Apesar da competência com que a banda interpretava o seu Doom/Death Metal, ao início chegou a pairar a ideia de que não estava a conseguir fazer passar a sua mensagem, tal era a aparente indiferença dos presentes. No entanto, essa sensação foi-se dissipando aos poucos, dando lugar ao ambiente especial que uma ocasião como esta merecia. Para isso, contribuíram algumas canções do emblemático “Infinity…” e do negro “Locus Horrendus”. Temas como “Leaving this Land of Eternal Desires” e “Forever Dreaming… (Shadow Dance)” arrancaram fortes aplausos e pareceram finalmente despertar a plateia. Após um breve encore, os Desire dedicaram a clássica “The Purest Dreamer” a todos aqueles que os apoiaram ao longo dos seus 20 anos de atividade. No fim, no meio de efusivos aplausos, Tear e companhia começaram a despedir-se, mas o público queria mais. Foi, então, interpretada a relíquia “Death Blessed by a God”, canção da época em que a banda ainda se chamava Incarnated, encerrando da melhor maneira um concerto memorável e envolto de uma mística muito especial.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Ao vivo: Anathema, Astra

Anathema, Astra
Hard Club, Sala 1 - 19/10/2012

Depois dos Paradise Lost no início do mês, um Hard Club igualmente bem-composto recebeu outra figura da tríade do Doom Metal britânico dos anos 90: os Anathema. A banda dos irmãos Cavanagh regressou ao nosso país pelo quarto ano consecutivo, desta vez para apresentar o novo “Weather Systems” num concerto que se adivinhou, como seria de esperar, memorável.

Encarregues de dar início ao evento, os Astra começaram a atuar antes da hora prevista e foram muitos, incluindo a nossa equipa, os que perderam o início da sua atuação. Embora não tenha sido possível assistir às duas primeiras canções, “Cocoon” e “The River Under”, houve tempo suficiente para apreciar o Rock Progressivo retro destes norte-americanos naturais da California através de “The Black Chord” e “The Weirding”, que se revelaram autênticas viagens sonoras.

Seguiu-se, então, a principal atração da noite. “Untouchable Part 1” e “Untouchable Part 2” serviram de ponto de partida para os Anathema conquistarem a plateia sem grande esforço, comprovando, mais uma vez, a existência de uma química especial entre a banda e o público português. Nem mesmo as dificuldades técnicas com o equipamento de Daniel Cavanagh em “Thin Air”, “Dreaming Light” e “Everything” prejudicaram o belo início de espetáculo e a boa-disposição que se respirava no recinto. Já com os problemas resolvidos, Vincent Cavanagh anunciou três temas de “Judgement”, interpretados sem interrupções. Entre eles, figurou o clássico “Deep” – dedicado ao público – durante o qual teve lugar um fantástico jogo de luzes. O concerto foi prosseguindo ao som de faixas retiradas de “We’re Here Because We’re Here” e “Weather Systems”, com especial destaque para “A Simple Mistake”, dedicada ao teclista Daniel Cardoso, e a eletrónica “The Storm Before the Calm”, na qual Vincent trocou a guitarra pelos sintetizadores. Contudo, o melhor ainda estava para vir. Depois de uma interpretação muito aplaudida de “Closer”, Vincent pediu que se apagassem as luzes e fosse o próprio público a iluminar a sala com o que tivesse à mão. Com isqueiros e telemóveis no ar, a plateia cantou com os Anathema “A Natural Disaster”, registando ali um momento único e que jamais será esquecido por quem o vivenciou. No fim, Vincent falou sobre a estranha união entre a música criada pela banda e os seus fãs. Já em encore e com o tempo a escassear, o vocalista perguntou qual era a canção que os presentes mais queriam ouvir e, entre os vários nomes que se ouviram, prevaleceu “One Last Goodbye”. Cantada em uníssono, foi mais outro momento incrível numa atuação que viria a terminar da melhor forma logo a seguir, ao som de “Fragile Dreams”. No fim, os irmãos Cavanagh e o resto da banda andavam pelo Hard Club a conversar com os fãs e a tirar fotografias com eles, demonstrando uma humildade que se vê pouco nos dias de hoje.


Fotografia de Susana Cardoso
Reportagem originalmente publicada na Infektion Magazine nº18

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Ao vivo: Paradise Lost, Soen

Paradise Lost, Soen
Sala 1, Hard Club - 04/10/2012 

Os Paradise Lost regressaram a Portugal com data dupla, assinalando assim o início de mais uma digressão pela Europa em promoção do seu 13º álbum, "Tragic Idol". Depois de terem estado em Lisboa no dia 3 de Outubro, os britânicos passaram também pelo Porto no dia seguinte. A acompanhá-los como banda de abertura em ambas as datas estiveram os Soen, que se estrearam no nosso país.

Devido a problemas técnicos, as portas da Sala 1 do Hard Club só abriram às 21h30 e quando os Soen começaram a atuar, ainda uma longa fila esperava para entrar no recinto. Em palco, os suecos apresentaram algumas surpresas a nível de formação, com um baixista substituto a ocupar o lugar de Steve DiGiorgio e um quinto elemento responsável pelos teclados e pela percussão e vozes adicionais. “Fraktal” e “Fraccions” deram o mote a uma prestação seguríssima que pouco demorou a cativar o público. À medida que se iam ouvindo outras canções, como “Delema”, “Oscillation” ou a suave “Last Light”, tanto Joel Ekelöf como Martin Lopez iam assumindo uma posição de destaque, o primeiro pela envolvência com que cantava e o segundo pela complexidade e poder que imprimia na forma como tocava a sua bateria. Já a encerrar um concerto muito aplaudido, “Savia” sublinhou que há neste projeto uma identidade própria mais vincada do que se pensa.



Após meia hora de preparações e já com a sala praticamente cheia, as luzes apagaram-se finalmente e, ao som de “Desolate”, os Paradise Lost foram subindo um a um para o palco sob uma chuva de aplausos e assobios vindos da plateia. Foi ao som da clássica “Widow” que o espetáculo começou, com Nick Holmes a puxar pelo público desde o primeiro instante e a receber uma resposta efusiva. Seguiram-se “Honesty in Death e “Erased”, que corroboraram a excelente entrada do coletivo britânico. Depois, foi altura para um dos momentos mais especiais da noite. As luzes apagaram-se por breves segundos e ouviram-se os teclados iniciais de “Enchantment”, uma surpresa para aqueles que esperavam um alinhamento semelhante ao da noite anterior em Lisboa. Mais uma vez, os presentes mostraram um apoio incondicional à banda, cantando e marcando o ritmo com palmas e heys. Ainda durante a interpretação deste tema, o vocalista recebeu uma ovação depois de ter oferecido duas palhetas a um fã que exibia um cartaz na fila da frente e lhe ter dito que eram “10€, por favor”. Apesar de se ter mostrado sempre bem-disposto e comunicativo, Nick teve dificuldades em imprimir a intensidade necessária nas suas vocalizações, que revelaram algumas debilidades e se afundaram aos poucos no poder dos instrumentos dos outros membros à medida que o concerto decorria. Entretanto, foram-se ouvindo outras canções de um alinhamento eclético q.b. que englobou clássicos como “Pity the Sadness” ou “As I Die”, temas da fase eletrónica (neste caso, “Soul Courageous” e “One Second”) e faixas mais recentes, sendo elas “Praise Lamented Shade” ou “The Enemy”, sem esquecer, claro, novidades como “In This We Dwell” e “Tragic Idol”. Já em regime de encore, foram interpretadas a icónica “Embers Fire”, “Fear of Impending Hell”, “Faith Divides Us – Death Unites Us” e, em despedida, “Say Just Words” que pela última vez naquela noite encheu o recinto de fortes aplausos. É certo que faltaram mais alguns clássicos, mas foram quase 90 minutos de música ao vivo muito bem passados.


Fotografias gentilmente cedidas por Antonio Aguirre (Craneo Metal)

Reportagem originalmente publicada na Infektion Magazine nº18

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ao vivo: Hexis, This Gift Is a Curse

Hexis, This Gift Is a Curse
Casa Viva - 29/09/2012 

Decorreu no Porto, durante uma solarenga tarde de sábado, um evento que terá passado despercebido a alguns. Os dinamarqueses Hexis e os suecos This Gift Is a Curse estiveram na Casa Viva para um concerto gratuito incluído na sua digressão pela Europa, que também os levou a Braga no mesmo dia e a Lisboa no dia seguinte.

Numa sala envolta por um denso fumo e iluminada em tons escarlate, os This Gift Is a Curse começaram a atuar diante de um público ainda reduzido, mas que veio a aumentar enquanto “Inferno”, a primeira canção do alinhamento, era executada. Já com o recinto mais cheio e com a assistência embrenhada na música do quarteto de Estocolmo, “The Swarm” e "Att Hata Allt Mänskligt Liv" deram azo a um moshpit violento. Satisfeito com as mossas causadas, o vocalista Jonas Holmberg agradeceu o apoio e afirmou que era um prazer estar ali, apresentando em seguida o próximo tema, “The Crossing”, que incitou a um mosh ainda mais caótico. Por vezes, a intensidade era tal que ocasionalmente caíam espetadores por cima das hardcases dos instrumentos encostadas a uma das paredes da sala. A banda acabou a sua atuação com uma pujante "The Sounds of Broken Bells", mas não sem antes ter voltado a agradecer aos que compareceram para testemunhar a sua enérgica prestação.

De novo num ambiente fumoso e escuro, os Hexis arrancaram para um concerto que só pecou pela sua curta duração. Durante um quarto de hora, um público atento e menos dado a movimentações assistiu à descarga intensa protagonizada pelo coletivo dinamarquês, que aproveitou a ocasião para apresentar duas composições novas logo no início e dedicou o resto do set ao EP “XI”, com a faixa “Crux” a revelar-se o ponto alto da atuação. No fim, ficou a sensação de que tinha sabido a pouco, mas, atendendo às circunstâncias em que o evento se realizou, não se podia pedir muito mais.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ao vivo: Apocalipse Lusitano

Morte Incandescente, Nefastu, Göatfukk
C.C. Stop, Metalpoint - 22/09/2012

Na primeira noite de outono do ano, um Metalpoint bem composto recebeu o Apocalipse Lusitano, evento que também passou pelo Bar Roterdão, em Lisboa, no dia anterior e que contou com os Morte Incandescente como cabeças-de-cartaz e os Nefastu, os Göatfukk e os Enclavement como bandas de apoio. 

Ausentes nesta data no norte estiveram os Enclavement, que não puderam marcar presença por motivos de saúde. Assim sendo, coube aos Göatfukk dar início às hostilidades com o seu Black Metal injetado de Punk e D-Beat. “Nocturnal Guidance” foi a primeira canção interpretada, seguindo-se “XIV Crosses”, “Black Candles Burn” e “Your God That Never Was” quase sem interrupções. Foi com a versão de “Outbreak of Evil” dos Sodom que surgiram as primeiras manifestações do público, que permaneceu contemplativo e quase imóvel durante todo o concerto. Este comportamento deveu-se, em parte, à postura em palco de Vulturius, o novo vocalista de sessão, que, embora tenha vociferado as letras das canções de forma convincente, se mostrou pouco comunicativo. Já perto do fim e após “We Are the Spear”, voltaram a registar-se algumas reações por parte dos presentes ao som de “Drunk, Slut, 666” e “Chaos Is My Life”, cover dos The Exploited, que encerrou a atuação da banda.

Como estava um calor intenso no recinto, muitos abandonaram-no em busca de um local mais fresco enquanto se procedia à troca de equipamentos e soundcheck para o próximo espetáculo. Por essa razão, quando os Nefastu começaram a tocar não estava mais do que uma dúzia de pessoas a assistir. Contudo, o quarteto portuense não pareceu minimamente afetado com isso e, com a ajuda de um ambiente nebuloso e um bom som, assinou uma prestação intensa e envolvente. Num alinhamento de 40 minutos, a atenção recaiu sobre a nova demo, intitulada "Versículo II" e a ser editada em breve, tendo sido possível escutar algumas das canções que a compõem, como "O Triunfo dos Iníquos", "Desespero Incessante", "Inexistência" e "Vagueando pela Oculta Noite". A primeira demo também foi revisitada, através de "Renascido pelo Ódio" logo no início, "Flagelo do Ser" e "...Em Lúgubre Nostalgia" já a fechar.

Já com o público mais próximo do palco, seguiram-se os Morte Incandescente, que se apresentaram com uma postura mais descontraída e até sem o habitual corpsepaint. “Noite em Chamas” deu início a uma atuação cujo set incluiu temas dos três álbuns da banda, algumas novidades, como “Into a Pit e “To Praise the One with Black Wings” que figurarão no próximo 10’ intitulado “Black Fucking Cancer”, e ainda a inesperada “Desabafo”. Apesar da performance coesa de Nocturnus Horrendus, Vulturius e V-Kaos, em certos momentos o ambiente adivinhou-se menos introspetivo do que seria de esperar entre algum público que se encontrava à frente, o que prejudicou consideravelmente o impacto da música. Ainda assim, a interpretação sublime de “Your Bloodstream” e “Desabafo” recuperou o clima intimista que faltou em alguns momentos de um concerto que serviu como uma boa conclusão para uma noite dedicada às sonoridades obscuras.